Google+ Mil Vezes Flamengo: maio 2015

domingo, 24 de maio de 2015

Sem trabalho, não há como confiar

Todo ano ele faz tudo sempre igual. E quando esse "igual" é desastrosamente ruim, qualquer repetição é grave. Mais um início de Brasileirão em que o Flamengo manca, patina, tropeça feio. Escaldados com o passado recente, RubroNegros de diversas procedências começam a ligar os alertas; daqui, eu tenho também meus pensamentos sobre o que vivemos e, mesmo sem entender nada de nada de futebol, sendo apenas um torcedor de coração apertado com a situação, resolvi despejá-los por aqui em dois tópicos:

• Antes, claro, o "pré". O time fez preparação em Atibaia. O clube sempre afirmou haver um planejamento. Porém, o que se vê em campo é, antes de qualquer coisa, uma bagunça que não deveria existir em um time planejado. Talvez já tenhamos visto o Flamengo com elencos até inferiores ao atual, porém mais arrumados em campo. Essa zona não tem explicação.

Para arrumá-la, a palavra é uma: trabalho. E trabalho não condiz com a agenda de treinos que foi divulgada pela imprensa e cumprida pelo time nesta última semana. Peraí: os jogadores não recebem em dia? Não nos orgulhamos em afirmar isso? Então, temos toda a condição de exigir deles uma rotina de treinamentos bem pensada, bem preparada, bem...planejada.

Definitivamente, isso não é o que temos hoje - e essa responsabilidade não é dos jogadores, mas sim da comissão técnica que, por sua vez, precisa ser acompanhada e devidamente cobrada pela diretoria de futebol. E, claro, o diretor de futebol tem que responder por seu trabalho diante da vice-presidência de futebol.

Então, antes que se fale em quem pode vir e em quem pode sair, é preciso pensar no que temos hoje, e na melhor forma de se extrair desse grupo o melhor. Pagar em dia é essencial, mas sem trabalho técnico, tático e físico, o máximo que poderemos ter é uma dedicação sem qualquer melhor coordenação. E é pouco, muito pouco para qualquer clube que deva ter sempre pretensões maiores como o Flamengo.

O torcedor do Flamengo sabe que perder é do jogo; mas se recusa a entender que um clube que tem jogadores recebendo regularmente e que atuam sob o comando de um técnico prestigiado entreguem esse lixo que temos visto em campo. A cobrança tem que vir de cima pra baixo: o Presidente Eduardo Bandeira de Melo exigindo do VP de futebol, Alexandre Wrobel, Wrobel cobrando de Rodrigo Caetano; este, de Luxemburgo; e o treinador, de seus comandados.

A questão é simples: identificar de onde vem o problema e de onde essa corrente está sendo quebrada. Isso se, pior ainda, não sequer esteja existindo na prática. Mas é com urgência que precisa ser formada ou reestabelecida.

A cobrança, Flamengo, tem que começar de quem hoje está no clube.

• Agora, falando de reforços. Primeiramente, a diretoria tem que parar de se escorar nas possíveis contratações como a salvação da lavoura. Isso porque, por trás dessa afirmação, existe outra: a de que os que hoje lá estão não servem para o trabalho. E isso, amigos, é coisa que eu, você, qualquer torcedor, crítico, comentarista etc. pode dizer; menos, MENOS quem comanda o clube.

Me tornando repetitivo, afirmo novamente: o Flamengo é de quem o vive agora; e técnico e dirigentes afirmarem que tudo vai melhorar com a vinda de novos jogadores, seja esse discurso dito uma só vez ou repetido frequentemente, é algo que não ajuda em nada a moral da tropa. Por mim, a resposta única sobre o assunto "contratações" deveria ser: "Hoje, o Flamengo confia, cobra e tem que confiar e cobrar em quem lá está".

Enquanto isso, claro, deveria trabalhar pra trazer gente; e aprender de uma vez por todas que, se a tática do silêncio quanto aos nomes tem se provado interessante, melhor ainda é calar sobre qualquer possibilidade de vinda por todo o tempo. Assim, preserva-se os jogadores atuais e os que potencialmente virão.

* * * 

Talvez pudesse resumir tudo o que disse naquele velha frase de parachoque de caminhão e de saco de pão: "Trabalhe e confie". Um não existe sem o outro; e o que irrita é ver um clube que tanto nos orgulha no que diz respeito às finanças não entregar outro aspecto que demonstra o profissionalismo: o tal planejamento do departamento de futebol, tanto na teoria quanto na prática.

De novo: perder é do jogo. O problema não é quando a derrota não é de uma má sorte de um lance isolado ou de um momento mais competente do adversário, mas sim de uma postura que claramente evidencia um mau trabalho ou a ausência dele. E repetida. E parte de uma rotina que não nos é nova há tempos.

Querem que confiemos? Ok; mas o "trabalhe" não vem antes no ditado por acaso não, Flamengo.