Google+ Mil Vezes Flamengo: junho 2014

domingo, 1 de junho de 2014

Um plano de ação para o Flamengo

O pavio está aceso. Hoje de tarde o time andou em campo na lavada que tomamos do Cruzeiro e hibernará na penúltima posição da tabela durante a Copa; e agora à noite o Vice-Presidente de futebol, Wallim Vasconcellos, anunciou sua saída do cargo. Em paralelo, rolam comentários de suposta bronca no vestiário no intervalo - atribuída a Ney Franco e/ou do novo diretor de futebol, Felipe Ximenes - e rumores de um protesto amanhã na Gávea às 18h.

O lance é que tá mais do que claro e evidente que, do jeito que está, não pode ficar. Então, o que fazer?

Ninguém me perguntou nada mas, assim como você, tenho todo o direito de opinar. E eis abaixo o que seria meu plano de ação, batizado de "Plano Mr. Wolfe" em homenagem a Winston Wolfe, personagem de "Pulp Fiction" (um de meus filmes favoritos) cuja especialidade é livrar-se de problemas de uma forma calma porém rápida e incisiva. Vamos a ele e suas medidas, na ordem dos fatos:

1º) AUTO-SUSPENSÃO DA LICENÇA DO PRESIDENTE - Eduardo Bandeira de Mello é um homem bem sucedido. Eduardo Bandeira de Mello está em Paris. Eduardo Bandeira de Mello é presidente do Flamengo, um clube cujo esporte principal está em crise.

Eduardo Bandeira de Mello pode ir outras vezes a Paris. Se fosse ele, voltaria agora para o Rio de Janeiro e iria direto para a Gávea cuidar das providências seguintes.

2º) AFASTAMENTO IMEDIATO DOS JOGADORES SEM COMPROMISSO - Uma vez de volta, Bandeira se reuniria com o diretor de futebol, Felipe Ximenes. Em entrevista à Rádio Tupi na noite deste domingo, Wallim assegurou que já foram identificados os problemas no elenco e que haverá mudanças neste. Certo?

Então, se os jogadores problemáticos já são de conhecimento da diretoria, é hora de eliminá-los do Flamengo. Pra ontem. Indepedentemente de categoria técnica, de histórico no clube, o escambau. Para mudar essa história, o primeiro fator de corte, para mim, é comprometimento. Os que mostram claramente que não querem nada com o Flamengo têm que sair imediatamente.

3º) PACTO PARA O FIM DO PERÍODO DE FÉRIAS NA PAUSA DA COPA - Como o próprio presidente já teria suspendido suas férias, seria bom que esse período de folga sem qualquer fundamento racional dos jogadores tivesse o mesmo fim. Mas isso poderia ser algo a ser feito sem muito alarde, sequer tendo que bater de frente com os jogadores.

Seria uma missão não para o Ximenes, mas para o Bandeira. Ele juntaria o elenco em reunião de portas fechadas e firmaria um pacto com quem quer tirar o time deste buraco. Argumentando. Ponderando.

Qualquer profissional comprometido, dominado por um mínimo de racionalidade, poderia enxergar os motivos dessa suspensão. Mais: o jogador que concordasse e topasse essa mudança de planos estaria provando aos torcedores seu envolvimento em mudar o panorama.

É levar isso aos jogadores como parte crucial da missão de combaterem qualquer chance de descenso; e fazê-los chamarem essa missão pra si. Aliás, seria até bom para detectar possíveis descompromissados que tivessem "passado batidos" pela fase 1 do plano...

4º) AGILIDADE MÁXIMA NAS NOVAS CONTRATAÇÕES, COM PRAZO DE 15 DIAS DE CONCLUSÃO -  Precisamos de jogadores em diversas posições; e necessitamos que estes comecem a trabalhar o quanto antes. Por isso, seria fundamental trabalharmos com uma meta interna para conclusão de contratações - pelo menos para as de posições prioritárias. Aí, sim, é missão para Ximenes: avaliar os nomes cogitados, escalar "planos B", envolver-se diretamente no que a diretoria progrediu antes de sua vinda, vetar os inadequados... Trabalhar incessantemente. Lembrando: é uma situação de urgência, que requer uma entrega correspondente. Nada fácil, mas nada impossível também.

* * * 

Dito isso tudo, dá para simplificar em duas palavras: trabalho e comprometimento. É disso, no meu entendimento, que o Flamengo precisa. Se tivermos gente com esse foco, que abrace de verdade a causa, não cairemos. Pode não ser - sejamos realistas - Brasileirão para se pensar em título, mas tão impensável quanto um triunfo é uma derrota do tamanho de um rebaixamento. Para não cogitá-lo, basta combatê-lo. De novo: com trabalho e comprometimento. Vamos, Flamengo!

Flamengo 0 x 3 Cruzeiro - Um time inexplicavelmente "confortável"

Em um cenário de fracasso, eu entendo diversas razões para explicá-lo.

Eu entendo limitação técnica, por exemplo. Se o jogador tá no clube é porque o clube o contratou, confiando em sua capacidade. Mas aí chega a hora de mostrar serviço e o cara se mostra incompetente. Não sabe chutar como deveria, marcar como deveria. Pode ter sido incompetência na avaliação, equívoco de quem o pôs lá, uma aposta errada ou mesmo a camisa ter pesado no sujeito - afinal, quantos bons jogadores em outros clubes não vimos render  o mesmo ao vir para o Flamengo?

Também entendo limitação física. Jogador precisa ter gente em cima. Profissionais de qualidade, zelando para que estejam em bom condicionamento - um trabalho aliado a nutricionistas e psicólogos. Enfim, o jogador não deve estar sozinho nessa não. O clube não pode deixar por conta dele, e pronto; tanto é que, quando não cuida, a regra é o sujeito não aguentar jogar.

Agora, uma razão com a qual eu nunca vou entender, sequer concordar, é falta de vontade. Não quando se recebe em dia. Não quando se tem a chance de defender o clube de maior torcida do mundo. Não no FLAMENGO. Ah, mas não mesmo.

Depois de mais esse vexame, dessa lavada que tomamos do Cruzeiro, muito mais embaraçoso do que termos jogadores limitadíssimos e mal condicionados é a falta de brio, de vontade, de vergonha na cara desse grupo, que recebe passivamente a derrota com uma tranquilidade apavorante.

Recentemente, eu tive o privilégio de ver uma palestra do Paulo Storani, ex-comandante do Bope e consultor do cineasta José Padilha no aclamado "Tropa de Elite". E, dentre as várias coisas que disse, uma me chamou bastante a atenção. Storani disse que os oficiais do Bope lidam o tempo todo com uma situação de desconforto. Segundo ele, o desconforto move a equipe a ir adiante, a fazer melhor, a não relaxar. A lutar até o fim.

O Flamengo que se prostra na rabeira da tabela do Brasileirão na pausa para a Copa do Mundo é um time que se sente extremamente confortável - tanto que sairá em (nada merecidas) férias. E eu pergunto: qual a causa desse conforto?

A resposta é óbvia. A versão completa não cabe num texto apenas; porém, é tão flagrante que relatá-la é quase uma afronta à inteligência de todos nós. Mas eu vou tentar resumir em uma frase: falta coletiva de vergonha da cara - e inclua nesse grupo a diretoria de futebol que permite essa situação inaceitável.

Veja bem: eu sou apenas mais um integrante da Nação. Sócio do clube, sócio torcedor, sem qualquer poder no Flamengo. Mas se eu fosse dirigente do futebol do Flamengo e torcedor do clube, eu estaria muito envergonhado; e, de tão avexado que estaria, e para não falar nas necessárias diversas contratações a serem feitas, só sossegaria enquanto esses jogadores, perebices e condicionamentos físicos à parte, estivessem, jogo após jogo, treino após treino, mostrando a determinação de quem, mesmo sem saber como vencer, nitidamente o quer.

Ou faria isso ou pediria para sair.

* * *

Se o grupo tivesse consciência do papelão que tem feito, auto-revogava suas férias. Mas ninguém aqui espera isso dessa galera, né?

Pelo contrário, espero e vou esperar sempre atitude de gente que se diz bem formada, bem capacitada, bem preparada - tanto que não hesitou em pôr isso como vantagens para se eleger.

Fato que o clube vai bem em diversas esferas, mas no marketing, na comunicação e futebol é uma tragédia. E cadê os mandatários para fazerem valer a meritocracia, marca de gestões contemporâneas de sucesso?

Flamengo precisa separar, em seu próprio corpo diretor, o joio do trigo. Ao não agir desta forma, só faz reforçar aquela frase: "Se você não é parte da solução, é parte do problema". E quem faz parte do problema, seja no campo ou no escritório, tem que sair do Flamengo imediatamente.