Google+ Mil Vezes Flamengo: Sobre Conca, profissionalismo e paixões clubísticas

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sobre Conca, profissionalismo e paixões clubísticas

Pra vestir o Manto em campo é preciso jogar bola
e honrá-lo, seja por paixão ou profissionalismo
Duas notícias recentes e quase subsequentes sobre o Flamengo que, no mínimo, atiçaram aqueles que gostam de ligar os pontos:

- O interesse do clube em Darío Conca, cujo passe supostamente custa R$2,6 milhões;

- O convite do Guangzhou Evergrande, time de Conca, para o Flamengo jogar um amistoso na China por R$3 milhões.

Sacou? Os valores batem; o interesse de Conca em voltar ao futebol brasileiro existe; assim como todos sabem haver uma busca incessante do Flamengo por alguém capaz de suprir a carência criativa do time, vestindo o pesado Manto Sagrado de número 10, essa Excalibur do futebol mundial, sem amarelismos, cagacites ou paúras afins - algo que parece se encaixar na seriedade e na qualidade da bola batida pelo arrrrentino.

Mesmo assim, tem gente enchendo o saco, dizendo que não gostaria de Conca no Flamengo, dando argumentos mais bestas do que briga de criança na hora do recreio. Duas desculpas, pra ser exato, resumidas em curtas frases.

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A primeira delas é: "Pô, o Conca é tricolor". Vamos lá: você realmente acredita nisso? Vamos trabalhar com as duas opções: se ele não for, não dou meia recepção Rubro-Negra pro cara mudar o discurso; e se for, será que não há na história do futebol jogadores que foram profissionais o suficiente para superar a paixão e mostrar competência na hora da bola rolando, em muitas vezes vencendo os times "do coração"? Pois é.

Vale ressaltar esse curioso paradoxo: se tudo o que queremos é profissionalismo, se o cara de fato for profissional e bom de bola ele não irá superar a paixão que porventura tenha por outro clube? Vai, né?

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Morto esse primeiro argumento bobo, resta o outro. E é o que mais me irrita, pois traduz toda a burrice que um torcedor, seja de qual time for, pode carregar sobre seu pescoço: "Ah, mas o Conca diz que dá prioridade ao Fluminense". Pensa aí: você não falaria o mesmo se fosse ele, nas condições dele? Ou você diria: "Entre o clube em que fui campeão e o outro que nunca defendi e com o qual não tenho qualquer laço sentimental, minha preferência é pro segundo"?  E ainda: quando é com o nosso clube, com o jogador dando aquela moral ao Flamengo, você não gosta de ouvir exatamente a mesma coisa?

Então. A intenção original era só falar dos comentários dos torcedores Rubro-Negros que não querem ver o Conca na Gávea para defender a vinda dele, se de caso for uma possibilidade real; mas dá para tomar este exemplo atual para falar de um procedimento padrão de muitos de nossa torcida: essa magoazinha despropositada com jogador, tão somente porque um dia ele defendeu um rival. De vez em quando nos deparamos com essa besteirada, né? Eu sei que pode ser difícil mas, mesmo com toda essa paixão no peito que temos, amigo, é preciso separar as coisas.

Não sou mané de dizer que não há jogadores que são personas non gratas , impensáveis para o Flamengo sob qualquer condição, e nem afirmar que contratar um bom jogador que seja torcedor do clube ou simpatizante dele não é bacana, mas uma coisa é clara e todos sabemos disso: o amor ao clube não é condição para qualquer jogador vir e arrebentar. Apaixonados têm mais chance de render melhor, mas paixão não é garantia de competência, assim como competência não depende de paixão.

A incrível história do futebol do Flamengo é única, mas se há um ponto em comum com as dos outros é que seus melhores momentos foram construídos por jogadores apaixonados por suas cores, mas também por outros que, se não eram nossos torcedores, apenas souberam ser muito competentes. É claro que é chato pensar nisso, mas é uma verdade.

Olho os parágrafos acima e vejo que, realmente, quis me alongar nessa questão toda. Digo isso porque, pra valer, acho que dava pra resumir essa história tranquilamente, encaixando-a numa pergunta só: se você pudesse escolher entre um camisa 10 apaixonado pelo Flamengo mas de futebol razoável ou um camisa 10 que não torça "originalmente" pelo Flamengo mas que seja um craque, qual seria a sua opção?

Meu palpite? Você só irá cravar a primeira alternativa se não ouvir a paixão que mais deve te interessar: a sua.

Um comentário:

  1. Concordo em parte com o que escreveu. Até acredito que o Conca pode arrebentar no Flamengo, até porque bola o argentino tem. Mas quem não lembra do Thiago Neves?! Eu sei você vai dizer, Ah Mas é diferente...Acho que temos que ir com muita calma, seo Flu disser não, aí sim, partimos para trazer o argentino craque, mas não devemos nos apaixonar por ele, sob risco dele repetir a façanha de TN7, ficar 1 ano, jogar como ninguém, se tornar absoluto na posição e depois resolver voltar para casa. Aí é que não dá!

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