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terça-feira, 5 de março de 2013

Flamengo x Botafogo, o ingresso salgado e o tiro no pé

Em algumas das rodas Rubro-Negras de discussão das quais faço parte, o preço dos ingressos de Flamengo x Botafogo no jogo da semifinal da Taça Guanabara tem sido assunto quase tanto - ou talvez até mais - discutido do que nossa derrota em si. Na verdade, não faltam pessoas fazendo conexão entre uma coisa e outra, ao mencionarem que a pouca presença do famoso 12º jogador Rubro-Negro, a torcida, influenciou a atuação e a motivação do time.

Muita calma nessa hora. Para falar de futebol, não acho que foi o ingresso caro que facilitou a vida do tal do Julio César para ele abrir o placar com 1 minuto de jogo; tampouco a pouca presença da torcida teve a ver no desinteresse e na desorganização Rubro-Negras em 90% da partida. Reconheçamos: nosso adversário foi melhor, com um trabalho facilitado pelas coisas que eu já disse, somadas a escalações erradas (Carlos Eduardo ainda buscando ritmo, num clássico disputado no calor das 16h, Wallace no lugar do Renato Santos) e substituições ainda piores (Dorival ter colocado o Renato Abreu quando deveria ter sido o Cleber Santana, Gabriel no lugar de Elias em vez de ter sacado Ibson). Ainda pegamos o bom goleiro Jefferson inspirado, Brocador com a broca cega, Ibson no que há de (seu) pior... Enfim, tudo errado em campo. Mas falemos do que rolou fora dele.

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Eu não só entendo como aplaudo o choque de realidade financeira que a diretoria do Flamengo vem aplicando no clube. Medidas como a não-contratação de estrelas, estipulação de teto salarial no time, o fim do bicho para dar lugar a bonificação sobre metas, a eliminação dos ingressos grátis para torcidas organizadas, a renegociação de dívidas, o rigor na aprovação de contas, auditoria nas finanças... Tudo isso aí está certo, em nome da boa saúde da economia Rubro-Negra. O mesmo pode ser dito sobre iniciativas como o desenvolvimento - finalmente! - do Programa de Sócio-Torcedor, os bons ajustes feitos no contrato com a Adidas, uma busca mais incisiva de novos patrocinadores e as inovações na oferta feita a eles, como a rotatividade na presença das marcas no Manto. Enfim, maravilhoso. Porém...

Entendo que as medidas citadas acima são divididas em dois grupos: as de contenção/otimização e de captação de recursos. Não sou economista, mas nem acho que seja preciso ser para simplesmente não conseguir encaixar em nenhum deles a resolução de se cobrar R$80 para um jogo de semifinal de Taça Guanabara.

À época da eleições do Flamengo sempre foi afirmado pelos integrantes da Chapa Azul que a Nação é o maior patrimônio do clube. Uma verdade incomensurável - tanto é assim que veio dela o resultado do pleito. E neste momento de conscientização da real situação do Flamengo é preciso reforçar a todo instante o conceito de cidadania Rubro-Negra. Diversas das medidas que citei acima zelam por isso; afastar parte da torcida do estádio, não. Nunca. Se ela é o grande diferencial do nosso clube, é no estádio que sua força se recarrega e se manifesta da forma mais importante, porque é ali que a Nação mostra sua natureza democrática - um adjetivo que simplesmente não condiz com o valor praticado.

Além de um equívoco socioeconômico imenso, o preço ainda se tornava uma indecência maior pelas próprias circunstâncias ligadas a bola. R$80 por um jogo de Taça Guanabara? Aliás, por uma partida que nem é final de campeonato? Com time irregular, em formação, ainda longe da melhor tradição Rubro-Negra? Num calor bárbaro? Num estádio de péssimo acesso? Na boa, faz algum sentido? Pra mim, zero.

Sobretudo na figura de seu candidato, Eduardo Bandeira de Mello, a Chapa Azul fez questão de salientar que, se por um lado nunca faltaria decência e boa vontade, por outro claro que haveria erros no trajeto. Um ingresso impopular e elitista é um óbvio e grave. Um engano que nada mais é do que uma forma prática do maior equívoco que um dirigente do Flamengo pode cometer: afastar a Nação de seu amor maior. Que a diretoria tenha aprendido, para não mais repeti-lo.

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